sábado, 4 de setembro de 2010

Satsang na praia e a felicidade

É muito difícil colocar palavras no que estou vivendo. É difícil dizer que este lugar é especial, sem parecer estranho, mas é verdade. Parece que os sentimentos negativos, as emoções mais profundas se mostram e se alternam com muita facilidade. Também o tempo parece estar numa outra dimensão. As vezes parece que já estamos aqui há anos, algumas horas depois parece que acabamos de chegar e outras horas ainda dá uma vontade grande de partir. O mel é mesmo a Amma – o amrita!!!!

Ontem a Nistula perguntou como tinha sido encontrar com a Amma fisicamente depois daquele período de confusão. A resposta é que com a Amma nada mudou, estar fisicamente diante dela é praticamente submergir na energia divina. Mas imediatamente Ela me põe para trabalhar – muito a fazer!!!!
A reação diferente foi realmente com os famosos “sevitas”. Percebi que ainda tenho muito preconceito com os americanos e que não suporto a forma como eles nos tratam – parecem ser os proprietários da Amma – os donos da marca da Mãe Divina. Ao contrário de antes, agora reajo – não tenho paciência.
Isso já estava me incomodando muito desde que cheguei aqui – como essas pessoas são mal-humoradas, rudes e pretensiosas. Há uma cara feia, uma tristeza inexplicável nelas.
Aí ontem eu estava ainda mais chateada porque não tinha darshan.... fiquei pensando, bem, vou colocar minha rotina aqui em ordem e depois, bem depois eu vejo.... E eis que o Luiz nos disse que toda sexta-feira Amma dá satsang aos residentes na praia!!!!!!!
Bem, lá fomos nós.... Mônica e eu e quando chegamos o Luiz já estava lá e tinha guardado lugar. Mônica foi sentar numa cadeira e lá fui eu, grudadinha na Amma, tipo assim uns 2 metros do tablado (cujo nome esqueci). Ao meu lado um indiano super gentil que logo ofereceu o xale dele para que eu não sentasse no chão! Puxa, porque os indianos são tão bacanas e os americanos horríveis? Luiz perguntou se eu tinha alguma pergunta prá fazer prá Amma – Milhares eu pensei, mas como ousar fazer uma pergunta? Eu queria mesmo perguntar para Ela sobre essa forma dos devotos.
Aí a Amma entra, fazemos uma meditação Ma Om e ela logo começa dizendo que Ela fica triste em ver que os filhos dela do ashram são tristes. Diz que tudo bem alguém ficar triste pela pobreza e dificuldade que há no mundo, mas que isso não ajuda em nada!
O satsang continua com os devotos dando depoimentos, difícil descrever tudo, mas acabou com Amma mandando um dos bramacharis contar uma história que aconteceu com ele em Los Angeles, bem Amma fez todos rir!!!! Todos saíram felizes, inclusive eu!
Feliz, muito feliz por ter esta benção de ali estar – a poucos metros da minha querida satguru, neste lugar em que Ela nasceu... por ter visto com tanta clareza as meninas tocando e massageando os pés dela!
Mas eis que hoje fui lá fazer meu seva na cozinha – lavar louça durante 2 horas e novamente o antagonismo se fez presente. Fui pegar a senha para o darshan e já bati de frente com o cara responsável.... ai.... agora escrevendo, vejo que é exatamente esse o tema que a Mãe está me fazendo trabalhar.....limpar, limpar, limpar....
Bem, vou descer outra vez. Hoje é sábado, muitos indianos vêem para o darshan, Amma está dando darshan desde as 11 horas. Minha senha é lá por volta das 9/10 da noite.
Ah, vimos os elefantes da Amma, vimos também o quarto dela e o bebê Krishna que mora no quarto dela estava no balanço no andar térreo, cheio de flores, todo enfeitado!!!!

Algumas fotos do que vemos, subindo e descendo...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Chegamos ao ashram!!!!

Bem, vamos por partes. Primeiro esqueceram de nos apanhar, e o motorista só chegou 2 horas depois! Uma gracinha de motorista, falava inglês, funcionário do ashram e lá vamos nós. Como tudo tem que ser “diferente”, pegamos um engarrafamento enorme na estrada. Segundo o motorista foi o primeiro engarrafamento dele em 2 anos aqui em Kollam.Também tivemos que parar com um acidente com um rapaz de moto, sem capacete.
Aqui um aparte: pela forma que se dirige na Índia, sinto-me abençoada por ter visto apenas este acidente. É incrível, mas já falei sobre isso antes. É ótimo ter guru e mantra para andar de carro na Índia.
Depois disso, um desvio da estrada principal, ordem da polícia, nos fez perder mais tempo, mas deu prá ver vilarejos e ter uma idéia da pobreza ou melhor, uma idéia da Índia.
Chegamos ao ashram já de noite (8 horas), pois levamos quase 6 horas viajando e a chegada é bem impressionante. Durante uns 15 minutos viemos dirigindo no meio de um coqueiral enorme e escuro e, de repente, chegamos a um local super agitado, com vários prédios enormes, cheio de gente.
A primeira coisa que vi foi o templo antigo, que hoje é chamado de templo de Kali, com sua enorme estátua de Krishna puxando a carruagem de Arjuna!
Agora vou falar um pouco da expectativa. Apesar da minha descrição, ela é apenas pessoal e a grande sacada é realmente tentar não ter qualquer expectativa e confiar na Mãe para viver o melhor. Eu esperava encontrar um quarto bem melhor e esperava ter problemas com comida, mas é difícil contar como é nosso quarto visualmente. O quarto estava limpo, exceto pelo banheiro que precisava de uma boa faxina, mas muito, muito pobre e mal cuidado.
Ontem não encontramos o Luiz e senti muito impulso de ir embora. Cheguei a procurar um hotel para ir embora ontem mesmo, mas acabei me permitindo esperar. Fiquei com muita raiva, com muitos sentimentos horríveis, odiei encontrar algumas pessoas com quem tenho antagonismo e lembranças negativas, tanto do Brasil quanto da Califórnia.
Uma das leelas da Amma conosco foi o quarto. Não apenas ele tem paredes todas cheias de umidade, mas ele fica no 14º andar. Isso significa subir de elevador até o 11o e depois fazer mais 3 andares de escada. Justamente o que a Mônica não queria fazer. Alguns dirão, ah, mas só 3 andares. É que vcs precisam ver a escada. Eu tive tanta tontura que só consigo subir e descer repetindo meu mantra.
Hoje, sexta-feira, encontramos o Luiz logo cedo. Foi lindo vê-lo lá sentado na porta do templo e logo fiquei feliz. Como ele também não estava bem no quarto que recebeu, fomos todos juntos tentar algo melhor. Tivemos 2 opções, ir para um quarto melhor, apenas Mônica e eu ou ficar no mesmo quarto e receber o Luiz.
Alguém já conseguiu já adivinhar qual foi nossa escolha? Claro que ficamos no quarto antigo e recebemos o Luiz!!! Bom, né?
Mas, acima de tudo, estamos aqui para estar com a Amma! E ontem depois da epopéia de subirmos nossas gigantescas malas pelas escadinhas, fomos correndo receber nosso darshan e chorar e vibrar de emoção.
Tenho muito mais coisas para contar, mas preciso tomar um banho, pois fizemos a famosa faxina brasileira no nosso quarto e depois temos horário para comer e depois temos que fazer um treinamento para o seva de amanhã e depois, bem muitos depois, espero eu.
A pergunta que ma faço é: como não ter expectativas? Como ir além delas? Só me ocorre mesmo pegar na mão da Amma!!!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Rumo ao ashram

Amanhã seguimos para o ashram, o motivo real e importante de estar tão feliz aqui nestes dias!
Já dá prá imaginar a felicidade que transborda do meu coração! Hoje falei rapidinho com o Luis e ele está adorando. Já recebeu ontem darshan da Amma e hoje se esbaldou celebrando o aniversário de Krishna.
Até agora, a sensação de estar voltando prá casa continua e cada vez mais forte! Espero que permaneça, pois nunca tive esta sensação antes.
Deixo para todos esta linda foto com as flores de lótus e espero, sinceramente, ter a graça e inteligência de saber me prostrar e me entregar aos pés de lótus da Mãe Divina.

As vaquinhas e cadê a sujeira horrorosa?

Todo mundo diz alguma coisa sobre a Índia e até já tinha escutado falar que o sul é diferente. Ainda não posso falar de todo o sul, mas Cochin realmente é diferente (ou meus olhos são muito ingênuos).
Até agora vimos algum lixo sim, falta urbanismo, infraestrutura básica, mas longe de ser sujo e horrível. Nada que não pareça muito com a Rio Manilha, com milhões de cidades brasileiras.
Também até agora não vi ninguém fazendo xixi ou cocô na rua, nem vi montanhas de cocôs e de fedôs nas ruas. Tenho que admitir que há uma falta de uso de desodorantes. As horas que passamos nas profundas e complicadas negociações para obter um modem wireless foram ainda mais complicadas pelas profundas respirações de paciência com o "odor" de "minha axila nunca viu um desodorante"!!!!
Vai dando até uma pequena frustração, mas eis que hoje, vimos umas vaquinhas!!!! As lindas representantes de Ganga - a mãe!
Pastavam calmamente pela rua, comendo matinhos, lindas.... calmas.... felizes... Não deu prá resistir e tirei uma foto!

Coloco aqui pra vocês:

O hotel em Cochin

Este hotel é realmente incrível. Me dá o tempo todo a sensação de ser a única hóspede e, no entanto, o hotel está lotado. As pessoas são tão gentis, tão profissionais e, ao mesmo tempo, muito leves. Outra coisa incrível é que eles ficam o tempo todo perguntando se estamos bem, se gostamos disso, se apreciamos aquilo etc....
No hotel, naturalmente, tem um spa e hoje Mônica nos lembrou que havíamos pensado fazer uma massagem. Lá fomos nós - marcamos uma massagem para o único horário disponível - 19 horas. Bem, é até difícil descrever a qualidade do ritual que nos ofereceram. Vou falar do meu, mas Mônica disse que o dela foi bastante parecido.
Uma sala lindíssima, de ótimo gosto e uma primeira surpresa - o abyanga começa com um chá de limão doce (que nunca vi antes), mel e ervas - uma delícia. Depois nos levaram cada uma para uma sala. Mais uma "coincidência":  fui levada para a sala que se chama Terra (elemento que sempre busco) e outra surpresa: a massagista simplesmente se chamava Devi!
O ritual todo foi: um escalda pés com ervas maravilhosas, uma oração para que Deus nos abençoasse, uma imposição de mãos para me energizar, uma massagem com um óleo em temperatura corporal que durou uns 45 minutos, 10 minutos de sauna a vapor, depois fui banhada com água quente e ervas, recebi uma esfoliação com ervas no corpo todo!!!!
Para terminar, um pequeno ritual de agradecimento e uma guirlanda de jasmin natural, com um perfume divino!!!! Vou tentar secar e guardar a guirlanda.
Saímos de lá maravilhadas!!!! Só mesmo a Amma para me conduzir a tanta felicidade.
Aproveito para colocar uma foto nossa na frente do hotel, antes da massagem, infelizmente.....rsrsrs

A Amma em Cochin

A Amma é bem famosa aqui. Não só famosa, mas super bem considerada. Todos falam com muito respeito e consideração quando, naturalmente, conto que chamo anugraha, que tenho uma mãe indiana etc. Estou adorando usar meu nome por aqui. Todo mundo o pronuncia muito melhor do que eu e tem várias atividades comerciais com o meu nome!!!! Popular...rsrsrs
Anúncios antigos do programa da Amma de 2010 de Cochin, que aconteceu em abril e é sempre uma emoção ver cada foto dela. Já no aeroporto isso tinha acontecido porque há um posto médico mantido pelo AIMS. Vontade louca de entrar e ir ficando....
Hoje pela manhã, nova surpresa – vejo um anel com foto da Amma no dedo do Maitre. Comento sobre o anel e, em 5 minutos, já estávamos felizes em falar sobre nossa satguru. Provavelmente é alguma coisa que apenas os devotos curtem, mas é incrível. Ele foi logo tirando do bolso à mão a foto da Amma que carrega, me contou que a mulher dele cozinha prassad quando vão pro ashram a cada 15 dias... enfim, papo de família.
Falando em ashram, estamos torcendo muito pelo Luiz, que partiu na sua jornada individual ontem. Tentei ligar prá ele 2 vezes, mas não atendeu.... Tenho certeza que está se deliciando com a Mãe!

Amanhã será nossa vez de fazermos a viagem!

Atendendo a pedidos

Vamos começar com o vôo. É longe, muito longe. Há momentos em que a gente fica até tonto de tanto cansaço e também pela confusão mental que acaba se criando. Só prá dar uma idéia, tomamos 3 cafés da manhã, pois a cada refeição servida estávamos no horário do café da manhã do local. Almoço ou janta nadica, o avião andava e dá-lhe café da manhã. Nas horas de muito cansaço eu pensava em quanto a Amma se esforçou para ir até minha cidade. O outro problema é a diferença de fuso horário. No avião tentam minimizar as diferenças horárias (e conseguem) colocando todo o avião às escuras. Mas a gente acaba aumentando a confusão mental com tanta escuridão. Não sei se isso é intencional, mas de verdade funciona.
Pousamos em Cochin. Primeira surpresa: um lindo aeroporto – todo limpo e arrumadinho. Segunda observação, que espero manter durante toda a viagem: os indianos não resistem a um sorriso sincero. Já no aeroporto, resolvi responder aos olhares de todos com um sorriso e – todos sorriem de volta. Verdade seja dita, que eles me olham até com mais estranheza do que eu a eles. É uma sensação engraçada ser a estranha no ninho!
Caminho para um hotel que parece um sonho – lindo, cheio de pessoas super agradáveis, simpáticas e solícitas. Tanta gentileza, mas... . A viagem no taxi já dá uma idéia do trânsito na Índia – além de dirigir, de rezar, de ter fé de que todos iremos sobreviver, é preciso se lembrar de buzinar – buzinar o tempo todo. Buzina-se para avisar que se está chegando, se está passando, buzina-se para dizer que está odiando o ritmo diferente do carro da frente, que se está cansado, que faz calor.... é incrível tanta buzina! Feliz ou infelizmente estamos num pequeno carro com ar condicionado e não num tuctuc.
Outra observação imediata – a paisagem parece o Brasil! Incrível como a vegetação é semelhante e também a confusão visual. Os indianos só ganham mesmo pela total falta de concepção de organização urbana. Não dá prá entender tanta mistura – tudo junto. Até agora vimos pouquíssimas calçadas. O prédio maravilhoso e enorme da Apple mistura-se com uma marmoaria e depois com alguns casebres.... É um verdadeiro caos urbano. Acho que por aqui não tem faculdade de urbanismo.
Gastamos muito tempo para conseguir um modem pro computador no primeiro dia que.... não funcionou....Tentamos mais algumas horas, muita insistência, muita cabeça balançando, um pouco de força mental e, depois de horas conseguimos. Agora não consigo saber como vai o uso do modem, mas vamos por partes. Pelo menos estamos conectadas.Também buscamos comprar umas roupinhas. O melhor shopping de Cochin é meio horrivelzinho e até agora não entendi onde as mulheres compram as roupas lindas que usam.
Como por “milagre” parou de chover assim que chegamos, depois de 3 meses de chuvas pesadas e contínuas. Ontem eu já estaria satisfeita com o lindo dia, mas.... surpresa – acordamos hoje com um novo dia de sol.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Chegamos!!!!

Om namaha shivaya!!
Chegamos!!! A viagem foi ótima. Apesar de muitoooo longa, correu tudo bem, bons aviões, e a companhia foi bem legal. Rimos muito, nos cansamos e deixamos o Luiz nas mãos de um indiano pequenino, pequenino que não falava uma palavra de inglês.
O hotel é vergonhosamente maravilhoso, mas agora estou cansada demais para falar mais.
Vou tomar um banho e descansar!