quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O amor E o caminho

Há dias venho pensando na relação guru-discípulo. Alguns gostarão mais da expressão, venho meditando há dias sobre esta relação. Mais uma vez, para quê serve um guru, porque Deus nos atribui este encontro e como ele evolui?
No início do meu encontro havia um encantamento e uma sedução. A beleza, a intensidade, a vida e a proposta da Amma me seduziram totalmente. Em seguida passei por um processo de depuração (absolutamente necessário) e aí a função acolhedora e protetora do guru se manifestou. Estou convencida que só sobrevivi ao caos por graça da Amma. Em nenhum momento daquele vendaval em que virei "suco" e que durou um bom par de anos me senti desamparada. O tempo todo tinha a certeza de que havia um propósito positivo no que eu vivia e que Amma estava me guiando.
Esse período serviu também para fortalecer e aprofundar meu vínculo com a Amma. Serviu para comprovar a única certeza que levo comigo: de que Amma é minha guru e me guia.
Nunca mais me senti sozinha, não sei o que é solidão. Experimento os encontros e afastamentos como um movimento da Amma me guiando.
Durante o período de 2008, no qual surgiram tantas afirmações falsas, muitas delas atribuídas à Amma, jamais, em momento algum, questionei ou duvidei da Amma. Nunca me passou pela cabeça ou pelo coração de que aquele fosse o desejo da Amma. Fiquei firme no princípio que me norteia neste caminho: Amma criou esta "leela" para o meu bem. Devo me abrir, aceitar e perceber o que Ela deseja de mim para minha evolução.
Isso sem falar em tantas coisas que ganhei: o Jyotish, o Gita, Krishna, a Índia.... Max, Julinha... meus outros irmãos...
Bem, voltando à reflexão, há dias venho pensando neste amor pelo guru.
No entanto, no meu caminho, simplesmente amar a Amma, pensar na Amma, não me basta mais. Preciso ir além e este ir além tem se manifestado nas minhas práticas espirituais.
Sou um ser díficil e assim resisto muito à entrega e não posso dizer que seja fácil ter uma disciplina. Mas vou fazendo meu melhor e aceitando também minhas limitações. Mas tenho mantido minhas práticas espirituais diárias desde que voltei do ashram.
Além disso, me parece que há algo mais - profundo, algo que não alcanço ainda.
Então, hoje na prática matinal, abri "ao acaso" meu livrinho: Para meus filhos, com ensinamentos da Amma e encontrei esta pérola, presente para meu coração:

"Meus filhos, simplesmente amar o seu mestre espiritual não destruirá suas vasanas. Vocês precisam de devoção e fé baseadas nos proncípios essenciais da espiritualidade. Para desenvolver isso, é necessária a dedicação do corpo, da mente e do intelecto. Fé e obediência totais ao mestre serão suficientes para erradicar as vasanas." - Amma

E, mais uma vez, Amma me conduz a refletir. O que é mesmo devoção? O que é fé? O que são estas duas coisas baseadas nos princípios essenciais da espiritualidade? Eu obedeço ao meu mestre? Como sei se obedeço?
Amma, que ocupou meu coração, minha mente e me leva nesta viagem!

sábado, 13 de novembro de 2010

Com saudades

De forma geral me considero uma pessoa feliz. Não é mais muito difícil olhar para tantas coisas boas que recebo, olhar para a vida como um enorme presente. Mas a saudade que sinto de estar no ashram não diminui. Estou bem aqui, mas tudo me parece um intervalo até voltar para casa!
Então, como presente para mim e para todos que possam ler, algumas fotos da minha casa, a casa onde mora minha Mãe!
Salão de darshan

Os backwater e os coqueiros

Meu quarto era neste prédio enorme, lá em cima, no último andar!

Atrás de mim, super feliz, o mar e vista do antigo salão

Permanecer...

Meu lindo e querido terapeuta, meu pai simbólico, que foi quem me trouxe à consciência a Amma e, confiando em si, me falou dela pela primeira vez, tem cada vez mais dito coisas sábias, sobre as quais reflito.
Por um lado Victor diz sempre que nas relações é preciso saber entrar, permanecer e sair, o que parece fácil de dizer, mas para mim é difícil de exercer, já que entro fácil demais e depois mesmo quando o permanecer se torna pesado e acabado, é muito difícil para mim sair.
Mas sobre outros temas, nos quais ele inclui (e eu também) o caminho espiritual e aí também as práticas espirituais, ele tem dito que é muito importante permanecer. Fazer uma escolha e permanecer, se manter na escolha feita, para permitir a construção. Tenho pensado muito nisso, principalmente em termos do desdobramento do meu caminho, que agora me mostra a importâncias das práticas e da manutenção dessas práticas.
Aprendi ultimamente que para "energizar" um mantra, ou seja, para que ele se "agarre" a você e "automatize" o processo de recitação, é preciso repeti-lo por pelo menos 108 vezes durante 47 dias. Se falhar um só dia, é preciso recomeçar a contagem.
Bem, a filosofia indiana cita bastante as vantagens da permanência, da persistência. Recitar seu mantra todo dia no mesmo horário, o mesmo número de vezes e no mesmo lugar (preferencialmente seu local sagrado) cria muita força.
Ah! Aqui minha cabeça deu nós por anos. Sempre achei que esta permanência, esta persistência, esta entrega era uma submissão limitadora, escravizadora.
Durante muito tempo achei que se "submeter" a essas regras era uma bobagem e que não tinha qualquer serventia.
Ter estado aquele mês na Índia onde não somente o povo (em sua maioria) do ashram, mas também muitas pessoas levantam todos os santos dias de suas vidas no mesmo horário, fazem suas orações, suas praticas, colocam Deus num local privilegiado, antes da vida mundana, me fez pensar, levantou uma pulga atrás da orelha.
Tenho pensado (e experimentado) a permanência. Serve para fugir da "dificuldade" que citei no post anterior e entender e me "convencer" da importância de continuar, sem parar nunca, a me levantar todo dia às 5 horas e fazer minhas práticas até as 6h30.
Mas já sinto que a insistência e a continuidade e a regularidade da prática, quando feita com amor, sem expectativa, também dá uma força interior enorme, que é uma das coisas que busco.
Victor também diz que andamos vivendo como as pessoas diante da tv, que ficam horas mudando de canal o tempo todo e não assistem nem mesmo a um filme ou propaganda.
Assim fazemos nós na vida, mudando de amigos, de terapeutas, de amores, de trabalho, de gostos.... sem permanecer e acreditando que isso é liberdade. Na verdade, a liberdade com força e poder vem do permanecer. Vem do construir, do elaborar, do crescer.


Permanecer pode ser um caminho para a entrega em termos espirituais?
Não tenho a resposta, mas sinto estar caminhando!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Como é difícil se manter focado no caminho espiritual

Talvez e muito provavelmente isso aconteça apenas comigo e com mais algumas pessoas, mas é sempre um desafio que, apesar de conhecer relativamente bem, ainda não consigo soltar.
Toda vez que dou um passo no meu caminho espiritual rapidamente surge muito trabalho, muita coisa para fazer, enfim, qualquer desculpa para que eu abandone minha proposta.
Isso está acontecendo mais uma vez e, tenho que admitir que não tem sido fácil trabalhar muito, dar conta de tudo e ainda abrir espaço de 1 hora e 30 todos os dias para as práticas.
Mas estou levando e percebo que me faz bem. As práticas me fazem feliz, me faz bem conseguir me manter em mudança, mudando antigos padrões.
Mas o tempo é pouco e mesmo bem usado acabo sem poder abrir um espaço para continuar a escrever com mais frequência.
Daqui a pouco volto....rsrsrs

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

E o amor?

“Quando um homem e uma mulher avançam juntos com amor, compreensão mútua e uma disposição para ser flexível às necessidades do outro, o que se desenvolve não é a igualdade entre eles, mas a união – a união de Shiva e Shakti. Este é o mundo de alegria. O homem e a mulher tornam-se um, esquecendo-se de todas as diferenças." -  Amma


Minha vidinha continua, as questões mais centrais e repetitivas se colocam, mas percebo que depois da viagem posso vê-las e tratá-las a partir de um outro ângulo. É muito bom poder ir, permanecer, voltar e perceber os passos dados no caminho.
Neste final de semana fui para o meu grupo terapêutico, minha referência de trabalho ao autoconhecimento.
Muitos presentes: o reconhecimento e validação do meu mundo símbolico sobre meu caminho, sobre o vínculo indestrutível e eterno com minha mestre e muitas outras delicadezas e amorosidades.
Gosto muito de me trabalhar terapeuticamente, não porque eu tenha "problemas" (quem não os tem?) ou porque eu seja "doente" (e quem não é um pouco ou muito?), mas porque isso me permite galgar passos evolutivos e me conhecer cada vez mais. O que é "me conhecer"? 
Para mim é ir tirando camadas que me levam à minha essência. É vislumbrar e, se possível, cada vez mais ter visível, a parte de mim que é genuína, verdadeira e que vai além do ego, da personalidade assumida nesta vida.
Este não é um trabalho fácil, mas cada pequeno passo é muito gratificante. Como resultado concreto nas relações, percebo que, da mesma forma como meu caminho com a Amma tem me tornado uma pessoa mais amorosa, também o trabalho terapêutico a partir do coração contribui para isso.
Assim, voltando aos temas que trabalho, um deles foi o relacionamento homem/mulher. Não quero me "proteger", me "esconder" atras de muros, mas sim ser plena e intensa.
Então, sei que ainda preciso trabalhar algumas mágoas, algumas crenças limitadoras e o ambiente terapêutico foi muito propício para isso.
Também é um "voltar para casa", uma jornada de alma.
Hoje encontrei esta frase da Amma sobre relacionamento - linda!
Encontrei num texto em que Amma fala sobre Shiva e explica brevemente Shiva-Shakti!
Refletir sobre este tema me ajuda cada vez mais a internalizar essas duas energias que todos contemos e conhecê-las é um grande instrumento de poder.

Jay Ma, Divina Mãe que me conduz por caminhos de alegria!




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Devi, Devi Ki!

Um final de semana surpreendente! Lá fui eu pensando em fazer um curso de astrologia védica e feliz por encontrar com David Frawley, autor de vários livros que estudei e ainda consulto. Além dele, iria também conhecer sua mulher - uma indiana linda.
Mais uma coisa me atraía - a oportunidade de conhecer (finalmente) Vrajabhumi, lugar que já tinha escutado falar um bocado.
Para minha surpresa (ou falta de atenção) me deparei com um seminário/retiro/curso sobre shakti e Devi ou a Deusa!
Ah.... mergulhei deliciosamente, tanto nos conceitos, na visão daquela indiana linda (que me trouxe tantas memórias) e naquele lugar maravilhoso (o ashram da Iskon - Centro Hare Krishna) uma gracinha - uma paz maravilhosa, super bem cuidado, silencioso...
Também fiquei feliz por viajar! Estou pegando o gosto novamente. Quantos presentes a Índia me trouxe!
O seminário foi quase como ganhar um colo da Amma!

Voltei bastante inspirada e com vários exercícios de pranayamas associados a mantras.
O curso/retiro também valeu pelo ensinamento sobre mantras, beeja mantras e por algumas "dicas" sobre o caminho da devoção às Deusas.
A cada meditação lá estava Amma - Amma Durga, Amma Lakshmi, Amma Kali!
Foi bom também para que o David ficasse sabendo da nossa existência como grupo de Jyotish aqui no Rio! Quem sabe não teremos um breve um curso dele para os astrólogos védicos?

Algumas fotos para marcar a beleza do local e do evento!
Ainda não digeri nem refleti muito sobre o final de semana, voltei há pouco  e estou cheia de trabalho! Durante a semana, acho que as coisas vão (res)surgindo.
Algo que já posso colocar por aqui e que não quero esquecer: a chave para o caminho é a dedicação, a perseverança e a continuidade nos rituais!
Não quero parar!
É muito bom também ter a oportunidade de verificar o quanto estou caminhando. Quantos conceitos há pouco tempo desconhecidos hoje fazem parte do meu vocabulário e do meu dia-a-dia!
A primeira foto foi tirada hoje, encerramento do seminário: Tema - Shakti!

Bernadete e Shambavi no Durga Puja

Durga Puja - O final de um lindo ritual!


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Saudade

Sabe o que mais me faz falta depois que voltei?
A espontaneidade, a ingenuidade que encontrei nos relacionamentos na Índia.
Sei que não posso falar de todo um país tendo estado apenas num pedacinho do sul e por tão pouco tempo, mas encontrei lá esses traços de espontaneidade e ingenuidade e sinceridade nas trocas sociais tão perdidas para mim neste país onde moro!
O que acontece aqui no Brasil comigo? Por que acabo convivendo com pessoas tão diferentes, tão falsas, tão sacanas?
O que há de errado comigo?
Hoje estou triste, muito triste.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Progredindo na reflexão sobre as memórias

Há utilidade na memória e posso ver algumas: não ter que buscar informações básicas todos os dias e todo momento. Então, eu, meu cachorro, minha gata sabemos onde fica a água de cada um (memória, budhi), onde dormimos, onde moramos coisas assim...
Mas o que chamo de memórias emocionais, talvez se torne um conceito mais claro se eu chamá-las de apegos, querer prolongar o vivido e aí é que está o problema.
Alguns poderão dizer, ah, é fácil soltar. Sim, algumas coisas são mais fáceis de se deixar. Quando a memória é negativa, quando a vivência é negativa pode ser mais fácil soltar, abandonar. Acho que ficamos presos nessas memórias/vivências negativas enquanto elas nos propiciam algum serviço, mesmo que doentio. Mas soltar as memórias positivas, sair do desejo intenso de voltar a viver daquele jeito feliz, querer reviver sempre a mesma coisa feliz, isso sim é que acho mais complicado.
Pelo menos na minha vida, as coisas passam e eu fico um tempo perdida. Levo tempo até perceber e aceitar que passaram, depois fico um pouco assustada com o vazio, tenho medo de "perder" o passado, fico às vezes tentando prolongar as relações numa tentativa de restabelecer o que já se foi e percebo o quanto é difícil soltar. 
Passei esta semana um pouco "vazia". Sei que é natural após um período de vivências tão intensas com tantas portas minhas se abrindo e tantas limpezas sendo feitas.
Enquanto escrevia este post recebi um telefonema de uma moça com quem havia falado apenas uma vez. Ela começou logo assim: você não deve se lembrar de mim, só nos falamos uma única vez depois da visita da Amma...
Olha já a memória entrando em ação. Eu que sou muito desmemoriada, me lembrava dela. Não apenas me lembrava dela, como pensei nela enquanto estava em Amritapuri e rezei por ela!
E este presente que foi o telefonema da Tina, manifestando-se como Deus para mim me permitiu elaborar meu pensamento:
"O que provoca o medo de ficar no aqui e agora é o vazio que sentimos ao soltar as memórias, tanto negativas quanto positivas. Não somos treinados, não aprendemos a olhar este vazio nem a permitir que ele se encha e escoa e daí a dificuldade de soltar."
Este estado que apenas vislumbro aqui pode ser um enorme instrumento de poder e bem-estar, mas por enquanto percebo apenas o conceito e vou parar por aqui.
Amma continua dando darshan na Europa. Eu continuo querendo novamente estar "em casa"....rsrsrs
A preparação da viagem de fevereiro está caminhando bem. Já sinto que faremos um lindo percurso e que iremos gozar da oportunidade de estarmos com a Mãe e o Pai!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tudo na vida vai ficando um pouco fluo.....

Memórias... tenho pensado nelas... o que são, para que servem... As memórias vividas tão recentemente, mas com tanto impacto, tão inesperadas e tão felizes vão ficando para trás, vão ficando confusas e, pelo que vi, são tão pessoais que até mesmo quem estava ao nosso lado teve uma experiência diferente e pode me levar a a questionar o vivido.
É preciso ter certeza de si para manter o vivido como seu, para receber de braços abertos tudo o que o Universo nos oferece o tempo todo.
Aí me lembrei da segunda palavra que eu mais escutei no ashram: viver o aqui e o agora. Ficar no presente, ficar integralmente no momento presente, sem apego ao passado ou apreensão pelo futuro. Talvez este seja um dos apegos mais difíceis de soltar.
Pois quem somos nós sem a memória do vivido? Não somos seres compostos pelo resultado das experiências vividas? Uau! Quem somos nós? Quem sou eu?
Como incorporar o passado para viver melhor o presente, sem apegos ou sem limitar o futuro?
É, parece que esta será uma longa reflexão e não tenho a menor ideia de onde devo começar.
Enquanto digito pulam na minha cabeça conceitos que aprendi sobre quem sou eu, ou melhor, sobre quem somos nós os seres humanos.
Ainda não sei se faço desses conceitos minhas verdades profundas, sentidas e vividas.
Não vivo na dimensão expandida do atma, conheço-me um pouco, mas apenas do que vivi nesta vida, intuo processos cuja comprovação não tenho, bem, a história é ainda um pouco obscura.
Tudo na vida vai ficando meio fluo? Essa é uma forma de desapego? Então, para que viver, expor-se a viagens, ao trabalho, aos relacionamentos, às decepções, às frustrações, às tristezas...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Difícil mudar

Voltei da Índia há exatamente duas semanas. Toda a experiência única e maravilhosa, a felicidade que vivi vai ficando um pouco para trás - a rotina, o passado, o hábito, tudo vai me puxando para voltar ao antigo, para voltar aos velhos hábitos.
Considero realmente que é muito difícil mudar. É difícil se manter num padrão mental mais elevado, ficar feliz o tempo todo, fazendo contato com um mundo maior. Mas deve haver uma motivação, um impulsor algo, que nos leve adiante. Como fazem as pessoas? Só mudam quando estão muito incomodadas ou sofrendo? O que nos leva a mudar?
Neste caso, o sofrimento, aquele que comentei antes e que me choca, pode servir para alguma coisa. Leva as pessoas a mudarem.
Mas não estou sofrendo e nem pretendo ser tão rígida a ponto de provocar algum sofrimento para justificar minha mudança.
Minha devoção, meu amor pela Amma é o que pode me levar a mudar. Amma é o meu motor propulsor, minha meta e meu modelo. Espelho-me nela para ser cada vez melhor.
Há alguns anos eu sofria muito porque não era perfeita. Olhava para a Amma e sofria porque via a dificuldade de chegar até lá.
Até que uma querida amiga me disse: "Os gurus estão aí para serem modelos e para serem considerados perfeitos, mas a própria condição dos humanos é a imperfeição. Este é o caminho dos humanos - quando deixam de ser imperfeitos não são mais humanos. Aceite sua imperfeição e agradeça a Deus por ter um modelo seu de perfeição (a Amma)!
Que presente, hein?
Mas o que eu quero mesmo mudar depois desta viagem? Quero manter um padrão mental, emocional mais alto. Ser mais feliz, acreditar mais que é possível e que as coisas são perfeitas como são.
De forma mais simples ser mais otimista, ficar menos na defensiva.
E vi o quanto meu padrão mental se transformou nestes últimos anos de sofrimento em negativo.
Aliás, lembrei agora que no curso de Bhagavad-gita e autoconhecimento que fiz no ashram reparei que eu nunca acreditava que os exercícios/atividades propostos eram possíveis. Eu nunca acreditava!
Vi o quanto deixei de acreditar, apenas pelas minhas vivências "tristes" que já estão tão longe!
E é assim - acreditar e vibrar em amor!
Um exercício para todos os dias da minha vida!

domingo, 17 de outubro de 2010

O sofrimento é realmente uma escolha?

Cá estou eu de volta às reflexões.  Escuto muito falar sobre escolhas e eu mesmo frequentemente digo isso - a vida é feita de escolhas. Quando penso em escolha penso sempre em ter duas opções, em ter uma espécie de controle advindo do conhecimento da situação, mesmo que seja um conhecimento relativo.
Mas agora estou falando de situações cuja escolha, se existir, não é clara, pelo menos para mim. Hoje fui com o pessoal da Amma entregar a refeição num leprosário do Rio. Esta é uma atividade voluntária pequena, que é uma gota de água num oceano, mas que tem muito impacto sobre todos os que participam e espero que também sobre os que recebem esta comida, feita com Ammor, há 3 anos ininterruptamente. São apenas 60 refeições, mas é o que fazemos atualmente em grupo.
Eu já havia ido algumas vezes no leprosário, mas sempre ficava muito deprimida e passava dias sem dormir. A situação extrema de abandono das pessoas das alas que visitamos me incomodava muito. Talvez porque naquela época eu mesma ainda me sentia "abandonada", "rejeitada" e "excluída". Há 1 ano me afastei do grupo e agora voltei com a proposta de ajudar na cozinha no sábado e também ir com o grupo do domingo entregar as refeições.
Chegamos lá e, para minha surpresa, o local está muito, muito melhor. Muito mais limpo, mais cuidado, com lençois limpos, com enfermeiros enfim, imediatamente pensei na Amma e achei que a repetição da presença dos filhos da Amma lá surtia algum efeito e senti que a Amma estava cuidando deles.
Depois, na ala psiquiátrica, encontramos outros grupos, evangélicos e espíritas, que vão lá todos os domingos para rezar com os doentes. Escutei também pessoas dos outros grupos dizendo que era a presença deles e a oração que faziam lá que estava surtindo efeito.
Imediatamente pensei que provavelmente ninguém sabe o que acontece e o motivo para que a situação geral do lugar esteja melhorando, e aí chegamos ao ponto do título.
Neste local há uma senhora de 93 anos, Da. Maria Junqueira, que é uma referência para mim e que tem uma história linda. Ela contraiu lepra aos 24 anos. Aos 26 anos, quando a filha única dela tinha 6 meses de idade, ela foi separada da filha e internada no leprosário.
Da Maria ao invés de se lamentar, começou a trabalhar e a ajudar as pessoas lá. Conseguiu até ser considerada como funcionária pública do estado, acumulando uma aposentadoria e seguiu sempre trabalhando.
Há 2 anos atrás ela mesma me contou que finalmente um dia havia se aposentado, o marido havia morrido e ela havia pensado que tinha chegado a hora de sair dali e talvez finalmente morar com a filha. Quando tomou esta decisão, foi chamada pelo diretor que pediu a ela para não abandonar os idosos e levou-a até o pavilhão deles, onde estavam abandonados até apodrecerem.
Da Maria esqueceu de seus sonhos e continuou ali, transformando, lutando, procurando fazer o melhor. Eu mesma a vi varrendo o chão algumas vezes, mesmo tendo ela apenas tocos de dedos da mão e praticamente não ter os pés.
Bem, hoje fui logo vê-la e encontrei-a sozinha na cama, dormindo e expressando muita dor. Chamei-a, mas ela não respondeu e logo depois chegou uma outra senhora e também a chamou, muito preocupada.
Da Maria finalmente levantou e foi comer, muito mais para fazer os outros felizes do que por ela mesma. Ela me contou que estava tendo dores alucinantes nos olhos e no corpo.
Fui perguntar depois para a enfermeira que me confirmou que Da Maria está com câncer e com metástase. Há pouco a fazer pois está na fase das dores!
Então, chegamos à pergunta do título:
"Será que as pessoas realmente escolhem ter uma vida assim tão dura? se escolhem, que benefícios terão? benefícios evolutivos excepcionais que só podem ser obtidos através do sofrimento?
Ou então, estarão essas pessoas apenas "pagando/queimando" carmas passados? Terão sido elas tão ruins ao ponto de novamente terem feito a escolha de ter uma encarnação tão sofrida?"
A evolução e a queima de carma só se dá através da dor?
São muitas as perguntas e os temas para refletir, mas não tenho, como sempre ainda a resposta.
Espero que o que escrevo aqui possa ajudar alguém.
Será que há outras pessoas que se fazem essas mesmas perguntas?
Será que rezar pode ajudar a liberar essas pessoas do sofrimento?
Ai, são muitas as perguntas!!!!
E o sofrimento, é mesmo uma escolha e é necessário?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Minhas vidas descritas numa folha de palmeira

Talvez eu não tenha sido muito clara e detalhista sobre o quanto a Mãe Índia, o quanto Amma me recebeu e me acolheu!
Então segue mais um relato.
Eu tinha ouvido falar na aula de astrologia sobre Astrologia Nadi, um tipo de horóscopo do Sul da Índia.
Para saber um pouquinho mais sobre Astrologia Nadi, clique aqui.
E lá fui eu perguntando, perguntando sempre, o que já é um hábito. Essa curiosidade que me ajuda, mas que também já me causou problemas como vocês verão no final. Eis que um amigo indiano do ashram me disse que conhecia sim esta astrologia e não apenas isso, conhecia também um astrólogo nadi e com ele se consultava há muito tempo.
Pedi se eu poderia vê-lo, pensava apenas em encontrar com um astrólogo assim, pois sabia o quanto era difícil encontrar sua folha, já que há anos elas haviam sido separadas. E lá fomo nós, 3 horas de viagem do ashram até a casa deste rapaz, que deve ter uns 35 anos, herdou a "profissão" do pai, que por sua vez havia herdado do pai e que já está preparando o filho mais velho para segui-lo.
Para minha supresa, lá estava minha folha! E nem foi tão difícil de encontrar. Alguns dirão: Ah! mas você tem certeza, pode ser fruto da sua imaginação! Bem, no nível de detalhe que o rapaz conta sua história, é difícil se deixar levar pela imaginação.
O astrólogo só fala malaialo e meu amigo indiano traduzia. Ele falou detalhes como: número de casamentos, filhos, profissão, nomes dos filhos nesta vida, nome dos filhos na vida passada, guru, jyotish. Muitas informações precisas demais para serem "inventadas" ou "captadas" imediatamente, principalmente por alguém que nem fala um idioma em comum.
Na verdade o astrólogo não fala. Ele abre a folha e lê!
A grande resposta que tive foi sobre meu ciclo de vidas na Índia, pois eu tinha certeza naquela altura que já tinha vivido ali. Não apenas na Índia, mas naquele pedaço de país.
O astrólogo descreveu em detalhes meu ciclo de vidas na Índia, o que me fez "abandonar" as pessoas, porque fui embora.
Descreveu o lugar, o nome da família a quem eu pertencia e me sugeriu fortemente ir visitar o palácio, dizendo que ao voltar lá as memórias seriam retomadas e isso seria muito bom para minha vida atual. Fiquei muito curiosa e também cheia de medo. Que memórias eu teria reavivada?
A consulta se encerra num determinado momento, sem qualquer possibilidade de saber mais. Perguntei se era só isso e o astrólogo disse: volte daqui a 6 meses!
E lá fomos nós, dias depois, visitar o Padmanabhapuram Palace - Kerala.
Muita brincadeira e gozação já havia sido feita com o que já chamávamos de "meu palácio".
Chegamos atrasados ao palácio, que hoje é aberto à visitação, faltando apenas 5 minutos para fechar as portas. Desci correndo do carro para pedir ao rapaz responsável para me deixar entrar e quando cheguei bem perto da porta - blum! A porta se fechou e eu fiquei ali do lado de fora!
O que se passou então comigo é bastante pessoal, mas em 10 segundos consegui entender "buracos" de rejeição que sempre me acompanharam!
Entendi imediatamente o que o astrólogo havia relatado: eu, atraída pelo estrangeiro que chegava à Índia, abandonei meu lugar e minhas responsabilidades, fui ao "mundo" como ele havia dito. Ao que parece voltei e a porta se fechou para mim.
O astrólogo havia dito também que esta curiosidade de 'ver o mundo' havia me afastado das vidas na Índia e havia criado muitos problemas....rsrsrs
A mesma curiosidade que me tirou dali me levou de volta!
Agora é esperar pela próxima consulta, se ela acontecer!
Impossível não se sentir "em casa" com tanta acolhida!
Meu período no ashram se misturou com todos esses lindos presentes e também muita mexida, muito medo, muito questionamento e também muito amor!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A entrega

As palavras que mais escutei durante os satsangs, durante o período em que estive na Índia foram: entrega (surrender) e ficar no aqui e agora. Quero fazer duas considerações sobre o tema da entrega. Em inglês, surrender não é apenas entregar-se. Significa também renunciar, ceder, abandonar, abandonar-se...
Quais desses significados me toca? O que quer dizer de forma prática entregar-se? Por que tive tanto medo de me perder durante o mês em que estive também tão feliz?
Registro frases soltas que me passavam pela cabeça estando lá e que continuam vagando por aqui também.
"Não há volta na entrega."
"Posso me perder e nunca mais me encontrar."
"E se eu mais uma vez me decepcionar?"
O que revelam essas frases? Ainda uma grande necessidade de controle. Mas controlar o que? Há muito percebi que a melhor postura é perceber o fluxo e segui-lo. Isso sim é ser inteligente. Então, o que eu poderia "perder" me entregando ao meu guru?
Mas eu sei o que é entregar-se (surrender) a um guru?
Alguém sabe? Quer me ajudar a refletir?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Uma semana....que saudades é essa?

Hoje faz uma semana que saí da Índia, de volta para o Brasil. Fico feliz em estar aqui, mas parte de mim quer apenas voltar. Não é apenas uma saudade, é uma grande parte de mim quer apenas voltar, quer viver no ashram, quer voltar a sentir-se em casa, pois foi assim que me senti na Índia - em casa. Uma sensação de estar em casa que nunca tive antes.
Isso não está diretamente ligado a estar fisicamente perto da Amma o tempo todo, mas sim em estar ali naquele lugar e, principalmente, em viver uma vida voltada à adoração do meu guru. Sei que essa afirmação anterior poderá parecer até doentia a algumas pessoas que desconhecem a relação entre um discípulo e seu mestre espiritual e vou tentar colocar como vejo as coisas:

- um mestre espiritual encarnado, um satguru realizado, é alguém que conhece o caminho até Deus e que faz o caminho de volta, que assume uma vida neste planeta para indicar o caminho às pessoas. Encontrar seu mestre é o maior presente que um ser humano pode receber de Deus, pois é uma indicação de Deus para o caminho. Como o mestre é este presente de Deus, para o discípulo o mestre/guru é a própria representação de Deus e entregando-se ao guru, adorando ao guru, se está adorando a Deus.
Então, Deus, no alto de sua magnânima e infinita bondade, dá aos seres humanos uma visão de uma de suas infinitas formas através da forma física do guru, para que possamos nos aproximar cada vez mais dele.
Mas por enquanto, acho que acabei de entender, Deus/Amma quer que eu fique mesmo nesta cidade maravilhosa e me empenhe em ver Deus/Amma em todos os seres - Isso não é tão difícil de fazer com a natureza desta cidade, que é simplesmente maravilhosa. Basta chegar na esquina, olhar para o Corcovado e lá vou eu embarcada na beleza!
Amma, olhe por mim.... por favor, puxe o fio que nos une....essa já é uma outra história...rsrsrsrs

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O que é espiritualidade, o que é ter uma vida espiritual, alguém sabe?

Há tempos venho pensando nisso e de forma mais intensa nos últimos dias - o que é espiritualidade, o que é ter uma vida espiritual?
Alguém sabe? Alguém pode me contar?
Consigo perceber alguns elementos de uma vida espiritual, algumas indicações, mas não tenho certeza, não tenho aquela certeza que me dá força, aquela resposta que é tão verdadeira que não deixa mais qualquer espaço para dúvida!
As pessoas que vivem num ashram, num convento, as pessoas que se dedicam apenas a práticas espirituais/religiosas levam uma vida espiritual? Essas pessoas estão vivendo sua espiritualidade?
É preciso abandonar a vida mundana para se ter uma vida espiritual?
É possível passar anos num ashram ou num outro centro qualquer dedicado a Deus e estar muito longe dele? A visão tão próxima de Deus pode ofuscar?
A vida espiritual é empreender um caminho que nos leve a Deus?
Vejo muitas pessoas principalmente falando sobre práticas espirituais. Algumas fazendo pouco, outras fazendo muitas, mas e...?
Será necessário passar o tempo todo rezando, recitando mantras, meditando para se ter uma vida espiritual? E o dharma? E qual é o meu papel? O que Deus quer de mim?
O que vim fazer neste planeta e qual é meu caminho agora?

Lá no ashram encontrei um pôster da Amma em uma parede do "green roof" (o teto verde), onde eu fazia algumas aulas, com uma frase que me marcou:
"Espiritualidade é um sorriso profundo e verdadeiro em todas as situações da vida." - Amma
Pesquisando na Internet, encontrei este texto atribuído ao Boff e ao Dalai Lama:
Do livro: “ESPIRITUALIDADE – Um Caminho de Transformação” de Leonardo Boff

Agora cabe colocar diretamente a pergunta: afinal, o que é espiritualidade? Uma vez fizeram esta pergunta ao Dalai-Lama e ele deu uma resposta extremamente simples: “Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior”.
Não entendendo direito, alguém perguntou novamente:
- Mas se eu praticar a religião e observar as tradições, isso não é espiritualidade?
O Dalai-Lama respondeu:
- Pode ser espiritualidade, mas, se não produzir em você uma transformação, não é espiritualidade. E acrescentou:
- Um cobertor que não aquece deixa de ser cobertor.
Então atalhou a pessoa:
- A espiritualidade muda ou é sempre a mesma coisa?
E o Dalai-Lama falou:
- Como dizem os antigos, os tempos mudam e as pessoas mudam com ele. O que ontem foi espiritualidade hoje não precisa mais ser. O que em geral se chama de espiritualidade é apenas a lembrança de antigos caminhos e métodos religiosos.
E arrematou:
- O manto deve ser cortado para se ajustar aos homens. Não são os homens que devem ser cortados para se ajustar ao manto.
Parece-me que o principal a ser retido desse pequeno diálogo com o Dalai-Lama é que espiritualidade é aquilo que produz dentro de nós uma mudança. O ser humano é um ser de mudanças, pois nunca está pronto, está sempre se fazendo, física, psíquica, social e culturalmente. Mas há mudanças e mudanças. Há mudanças que não transformam nossa estrutura de base. São superficiais e exteriores, ou meramente quantitativas. Mas há mudanças que são interiores. São verdadeiras transformações alquímicas, capazes de dar um novo sentido à vida ou de abrir novos campos de experiência e de profundidade rumo ao próprio coração e ao mistério de todas as coisas. Não raro, é no âmbito da religião que ocorrem tais mudanças. Mas nem sempre. Hoje a singularidade de nosso tempo reside no fato de que a espiritualidade vem sendo descoberta como dimensão profunda do humano, como o momento necessário para o desabrochar pleno de nossa individuação e como espaço da paz no meio dos conflitos e desolações sociais e existenciais.


Não tenho respostas, apenas indagações e algumas indicações para seguir, mas relendo o texto do diálogo acima, meu coração se enche de leveza. Talvez não exista um conceito único de espiritualidade, mas é sempre bom olhar para o que o chamado caminho espiritual está fazendo conosco. Observar o que ele tem provocado. Se permitir mudanças interiores, se levar a um caminho mais feliz, mais coeso, mais amoroso, se aprendermos a amar mais, talvez então este seja o caminho.
Mãe Divina, permita que eu fique sempre em seus braços e mostre-me o caminho!
Jay Ma

sábado, 9 de outubro de 2010

Por que é tão dificíl mudar?

Já estou de volta há alguns dias e já percebo meu ranço do passado. Uma certa expectativa de ficar sempre no colo da Amma, um outro tanto de desejo infantil de ser sempre novidade, esperança tola de que os outros mudem para eu poder ficar mais à vontade na minha rigidez!
E como é difícil mudar! Nossa! Quanto sou atraída para voltar aos meus antigos hábitos, para soltar o pouquinho que consegui nestes 26 dias de ashram!
Cada dia entendo mais porque as pessoas largam tudo para viver num ashram. Pois se lá já era difícil manter uma relativa expansão, imagine longe!
A vontade de voltar "prá minha casa espiritual" ainda dói um pouquinho, mas vou encontrar uma forma de viver bem.... Por enquanto minha criança fica feliz imaginando que a Amma amarrou uma cordinha de amor à minha cintura e que Ela está cuidando de mim, mesmo que eu me imagine solta.
E as outras pessoas? Como se sentem ao mudar? Como é se soltar no Universo e largar as amarras de sofrimento que nos dão a sensação de "sermos alguém"?
Hoje é o segundo dia do Navaratri, época em que celebramos três aspectos diferentes da Deusa - Durga, Lakshmi e Saraswati (força, prosperidade e sabedoria).
Ontem meditei em Kali, minha divina e querida Mãe, pedindo que ela me acolha em seu colo pois percebo sempre quanto trabalho tenho a fazer!
Um feliz segundo dia de Navaratri para todos, os que celebram, os que não celebram e os muitos que nem sabem o que é!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Afinal, e a minha casa?

Brazil! Êpa! De cara digitei com z!!! Ainda bem que deu tempo para corrigir.
Brasil, aqui estou eu de volta!
Hoje já acordei no Rio, feliz por caminhar 20 metros e ver o Cristo tão pertinho, por olhar para o verde, feliz por ter ido e feliz por ter voltado. Feliz por estar viva, por ter tantas oportunidades lindas, uma delas essa de compartilhar minhas vivências.
Fiquei pensando desde hoje cedo no que significa e no que significou esta viagem. Sei que ainda vou ter muitos desdobramentos para tanta aventura e tanta intensidade, mas o tema central, a busca da "minha casa", este ficou bastante óbvio ontem quando o avião pousou no Rio.
Senti o tempo todo que ali naquele ashram, naquele pedaço do sul da Índia, estava um local muito conhecido, onde eu já havia experimentado várias encarnações. Isso depois foi confirmado pela leitura astrológica que fiz em Cochin e foi também interessante visitar o palácio onde vivi há muitos anos. Foi interessante principalmente para refletir sobre o passado e o presente e perceber que realmente não é à toa que os mestres nos recomendam tanto ficar no aqui e agora, a única realidade - o aghora!
Acho que já posso dizer que um dos melhores ensinamentos que tive neste período foi o de fazer do meu coração a minha casa e ter como alicerce o Brasil, país que me acolheu nesta vida, a Índia, terra mãe - terra da minha Mãe, a Italia, país dos meus ancestrais nesta encarnação e o amor, o quarto e mais fundamental pilar.
Dentro da minha casa, do meu coração está um lindo altar com a foto da Devi Amma, com todas as minhas queridas deidades e todos os meus amigos, meus "inimigos", todos aqueles que têm contribuído para minha evolução, interagindo comigo de alguma forma e me ajudando a lapidar esta pedra bruta!

E aí, o que significa casa para vocês? Como conseguem internalizar esta ótima sensação de estar em casa, de se sentir em casa, de saber que tem uma casa no planeta?
Eu espero ter a força e a disciplina de manter esta aprendizagem para sempre de forma a poder acolher a mim e a todos e também poder aprender mais e mais.
Sexta-feira começa o Navaratri, oportunidade ideal para agradecer à Devi, nos aspectos de Durga, Lakshmi e Saraswati nos próximos nove dias.
Gosto muito de fechar os olhos, respirar e me sentir conectada a Amritapuri, minha casa espiritual neste planeta - viver num ashram é uma experiência vibrante e única!

Depois de resgatar um cabrito, dar leite a serpentes, alimentar vacas, um merecido passeio em elefante!

domingo, 3 de outubro de 2010

noticias - talvez as últimas antes de contarmos tudo ao vivo

Saímos de Maadurai e viajamos até Peryar, uma reserva natural em Kerala, a mais ou menos 800/1000 metros de altura, cheia de animais e muito turística.
Foi incrível ver a floresta, muito parecida com a nossa e também ver a profusão de animais diferentes. Percebi o quanto estava me faltando natureza durante a viagem. Em Amritapuri a natureza é tão exuberante, mas depois em Tamil Nandu a coisa mudou muito.
Bem, aconteceu também que a minha assinatura móvel da Internet acabou e não pude mais me conectar. Hoje voltamos para Amritapuri (4 horas de viagem) e depois viajamos até Cochin (mais 4 horas).
Eis-me aqui novamente conectada e me despedindo por enquanto.

Mônica está ótima e adorando nossas aventuras. Fizemos um lindo passeio em elefante, vimos muitas plantações: café, pimenta-do-reino, baunilha, cardamomo.
Hoje na volta vimos as famosas plantações de chá.
Naturalmente tirei muitas fotos e depois vou ver se coloco para vocês verem.
Chegamos em Amritapuri e soubemos que Amma estava dando darshan! Comecei logo a pedir prá Ela prá ficar pertinho mais uma vez, mas nem acreditei muito porque há novas regras para se subir no palco e ficar perto da Amma. Nisso chega uma moça e pede, por favor, se eu podia dar prassad na mão da Amma. Por favor? Uau, catei a mão da Mônica e saí correndo....
Que felicidade poder ficar mais um pouquinho perto fisicamente da Amma.
Parece que chove torrencialmente há dois dias em Amritapuri e tudo estava muito encharcado e senti muito frio...
Chegamos agora em Cochin e vou descansar porque finalmente comi algo que não me fez bem.
Até mais no Brasil ou por aí.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quando vesti um sári descobri quem sou e a verdadeira história do cabritinho ....

E aí vai o sári vermelho. Difícil de colocar, mais difícil ainda de usar.

Apenas uma pequena visão de uma das 5 torres enormes de Madurai

Para o meu irmão Max

E finalmente eu outra vez, no corredor das mil colunas que levam a Nataraja
Ninguém chegou perto da resposta do cabrito. Na verdade, quando fui fazer minha leitura astrológica com um dos astrólogos do ashram ele me deu várias coisas para fazer e eu pensei que todas seriam impossíveis. Incrível ou não eu já fiz a maioria delas e aí entra o cabritinho. Ele disse que uma vez nesta vida eu tinha que salvar um cabrito que iria ser logo morto por um açougueiro. Eu teria que pegar o cabrito, impedir que ele morresse e depois eu deveria dar para alguém e pedir que a pessoa nunca o matasse. Já dá prá imaginar que eu achei que seria impossível. Pois pasmem, paramos no meio do nada para pedir uma informação e lá estava o homem com o cabritinho. Perguntamos o que ele iria fazer e ele disse que estava levando para o açougue para ser morto. Seguiu-se uma enorme negociação indiana de preço e lá fomos nós adiante com o cabritinho, eu desesperada, John dirigindo e Mônica dando todas as nossas bananas para ela que estava faminta. Paramos numa casinha pobre de beira de estrada e demos o cabritinho à mulher. Incrível que ela nem estranhou muito, mas achou muito, muito estranho eu ter tornozeleira apenas numa perna. Ficou indignada e perguntando como eu podia ter perdido... Disse várias vezes, talvez vc perdeu por aqui....Como aquela não havia sido a primeira vez em que alguma indiana ficava chocada com minha tornozeleira, que sempre considerei tão sensual, acabei atendendo aos apelos do povo e agora uso tornozeleiras nas duas pernas... É verdade que eles me olham como se eu fosse um objeto estranho, uma marciana... Ontem em Madurai me perdi do John e da Mônica e não conseguia mais sair do lugar porque famílias inteiras vinham pedir para tirar fotos comigo. Shiva ali maravilhoso em suas inúmeras manifestações e os indianos interessados em mim!
Aí está a história verdadeira....Nístula, eu teria adorado poder contribuir para qualquer coisa ligada ao ashram e fico feliz em saber que em breve, daqui a poucos dias você estará com a Mãe. Quem sabe uma vez não vamos juntas para o ashram em setembro? É maravilhoso!
Mas não pensem que esta foi nossa única aventura... Salvamos bode, fizemos pujas dando leite para serpentes, fizemos pujas para os grahas da Anugraha e de todos, demos de comer às vacas, andamos descalças pelas ruas... negociamos incrivelmente no mercado de Madurai, brincamos de princesas, enfim.... uma linda aventura.
Yara, como eu poderia estar namorando na Índia? Infelizmente o escandinavo não rolou....rsrsrs Mas rolou e está rolando sim muita reflexão sobre o meu feminino, sobre o que estou fazendo com o concreto da minha vida...
Difícil usar palavras para descrever Madurai e sua cidade templo. Max, você entrará em êxtase dentro do templo de Shiva. Eu só pensava em você aqui o tempo todo.... Incrível, imperdível... Shiva em todas as suas manifestações.... Incrível. Você realmente tem que vir visitar Madurai.
Aí vai finalmente a foto com o sári. Por incrível que pareça, no dia em que usei o sári descobri verdadeiramente quem sou eu e toda minha força! Obrigada Mãe Divina! É uma longa e pessoal história..rsrsrs
Hoje é aniversário da Mônica e já tomamos um lindo café da manhã. Agora vamos partir para as montanhas (Ghats) e vamos passar dois dias num resort em plena natureza.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quem adivinha o que pode estar fazendo um cabritinho no nosso carro?

Cá estamos nós no mundão da Índia. Que bom que eu já estou aqui há um mês e já posso entender/aceitar melhor este local onde Deus se manifesta tão fortemente e ao mesmo tempo o mundo é tão impactante.
Estou meio que brincando de indiana, cada dia acrescento um detalhe. Ontem foi o binji e a segunda tornozeleira, porque cansei de ser parada pelas mulheres na rua surpresas até a morte por eu andar NUA sem a segunda tornozeleira! O sari ainda não rolou, tá difícil....
Ontem visitamos KanyaKumari e viajamos até Madurai. Foi lindo ver um dos muitos templos que Amma construiu na Índia. O pujari era lindinho e antes que eu saísse me disse para eu nunca tirar Amma do meu coração! Homem sábio!
Bem, vivemos muita coisa, um dia intenso e como a Internet não é boa, e o tempo é pouco os detalhes virão ao vivo.
Mas para manter o interesse dos meus "leitores" (rsrsrs) segue uma foto tirada ontem!
Se alguém adivinhar o conteúdo da foto.... ahhhh.... ganha um presente especial
Pessoal da astrologia - será que vcs adivinham?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Presentes

Ganhei mais um presente da Amma - assistir ao Kartika Puja que é celebrado todos os meses, mas este mês é especial por ser aniversário da Amma. O puja foi lindo, além dos rituais teve muito bhajans, uma vontade enorme de poder gravar. Mais uma vez foi o pujari que ficou muito meu amigo que me viu e foi logo me chamando.
Yara, já te liguei duas vezes... snifff, nunca consigo te encontrar em casa. Só dou sorte mesmo é com o Max!
Como ganhei presente, quero também dar para vocês - algumas fotos da festa.

O prédio novo todo iluminado - a foto é de ontem à noite

Ponte de ashram

O aniversário chegou e a viagem está acabando

Hoje vivi a emoção de assistir ao vivo o pada puja feito pelo Big swami e com a Swamini assistindo ao swami.
Fiquei muito, muito emocionada e chorei muito. Fazer os 108 nomes com o swami fazendo puja aos pés da Amma me transportou para uma dimensão linda.

Apesar de falarem em apenas 60 mil pessoas, a impressão que tenho é que há um número muito maior de pessoas.  Um mar de pessoas, um mar de filhos da Amma, um oceano de irmãos!
Que enorme a minha família!
Amma abriu o satsang falando sobre o anunciado "fim do mundo em 2012" e disse que o planeta irá mesmo morrer se continuarmos a agir desta forma, sem amor e sem compaixão. Depois falou sobre vários assuntos e anunciou que irá limpar os locais públicos, construir banheiros públicos para mudar esta forma de vida dos indianos, começando por Kerala e depois em toda a Índia.
Todo mundo poderá ler melhor o satsang no site da Amma, pois já postaram tudo lá.
Pude tirar muitas fotos de tudo ontem e também algumas hoje, mas não posso colocar estas fotos da Web. Então, todos teremos que esperar para vermos as fotos juntos.
Agora são 6h50 e Amma continua dando darshan. Vamos jantar e depois iremos até lá um pouquinho.
A estadia está acabando. Amanha a tarde vamos partir até o extremo sul e depois até Madurai. Não sei se vou conseguir postar muito, mas vou tentar.
Beijos, obrigada por terem estado comigo enquanto estou em casa!
No amor da Amma

domingo, 26 de setembro de 2010

O que é um satguru e como celebramos o aniversário do guru?

Não vou aqui definir um guru, mas se puder tirar alguns dos preconceitos que temos em relação aos mestres, já terá valido a pena. Muita gente imagina que um mestre realizado apenas nos diga para rezar, para que façamos práticas espirituais, coisas assim. Não conheço muito outros mestres, já que Amma me pinçou diretamente, mesmo que eu não tivesse muita consciência desse meu anseio. Mas o pouco que sei da Amma, posso falar aqui. Amma em satsang não fala apenas da auto-realização por meio de austeridades ou coisas assim, mas nos coloca muito ligados na vida aqui e agora. Amma tem falado nos seus satsangs, por exemplo, sobre a crença boba que temos de doar orgãos, principalmente na cultura indiana. Ela disse que tudo isso é besteira e que o bem que podemos fazer a um irmão doando um orgão é uma bênção enorme para nossa evolução. Amma falou também sobre dar o exemplo e criticou a sociedade indiana, que faz xixi e cocô por todo lado. Ela disse que nós todos que temos consciência devemos dar o exemplo: catar o lixo na rua, não usar as ruas como banheiros etc.. Disse também que por meio das nossas ações podemos ser inspiração para os outros e este também é um dos motivos para termos cuidado com nossas ações e permanecermos sempre em sattwa.
Amma também dá exemplos incríveis no ashram de economia e preservação. Confesso que uma das coisas que tem me impactado é o controle do uso da água. Eles têm sérios problemas com a água do local e já ficaram sem água duas vezes no ano passado. Então, o consumo de água é totalmente controlado. Poucas pessoas lavam louça com água corrente. Fazemos sempre 3 ou 4 bacias: pré-lavagem 1, pré-lavagem 2, sabão e enxágue.
No início eu tinha verdadeiro asco disso, porque além de ser uma prática diferente da minha, o sabão usado é uma espécie de cinza e a água é marrom. Então vc tem a impressão de estar lavando louça em água mais suja do que seu prato. Mas decidi insistir e ir além nos meus "padrões" de limpeza. Comecei a pensar que se minha anunciada expectativa de vida, de mais 28 anos se realizar, eu ainda estarei por aqui quando não pudermos mais tomar banho todos os dias, apesar do calor. Também viverei a falta de água e verei pessoas morrendo de sede, porque este é um problema real. Além disso, meus filhos irão sofrer e meus netos mais ainda...
Pouco a pouco, fui aceitando este estilo e agora fico toda feliz lavando minha louça desse jeito e, mais do que tudo, também passei a economizar muito mais água ao lavaar roupa, lavar os dentes, tomar banho etc..
Os exemplos são muitos, o tempo todo. Tudo é reciclado, tudo é usado cuidadosamente. Toda esta descrição que fiz ocorre do lado ocidental. Não há um "lado" ocidental, mas os ocidentais se agrupam mais em torno da cantina ocidental e também do local onde é servida a comida ocidental. Já do lado dos indianos é um outro mundo. Rs.rsrsrsrsrs
Eu que adoro a interação, frequento sempre o lado indiano e procuro dar o exemplo. Às vezes vejo que alguns seguem e lembro da Amma. Também reparo no exemplo deles e procuro seguir. Os indianos sorriem muito mais, parecem ser mais calmos e tranquilos e eu corro atrás....
São tantos os exemplos que a Amma dá que seria impossível escrevê-los todos aqui. Ontem Amma terminou o darshan super tarde, mesmo tendo dado darshan em pé para as pessoas, o que é muito mais rápido.
Inútil repetir que o número de pessoas mais do que dobrou. Até comprei algumas frutas para comer, porque acho que será um milagre conseguir ficar na fila para comer hoje. Hoje, às 7 da manhã, já havia uma fila de umas 100 mulheres esperando para sentar. Tem gente de todo lado, gente fazendo de um tudo e tudo vai andando e se formando.
Fiquei pensando nesta gente toda que, em princípio me assusta, mas olhando a todos como os privilegiados filhos da Amma fico feliz. Também eu, que sempre adorei família grande, vejo agora que tenho uma família enorme - os milhões de filhos da Amma de todo o mundo. Os que estão aqui e os que não puderam vir fisicamente, mas que estão no mundo todo preparando a celebração da encarnação da Mãe Divina.
Nossa estadia está chegando ao fim. Daqui a 3 dias já vamos embora. Vamos dar uma passeada até a ponta extrema do continente e depois vamos até Madurai.
Nossas amigas francesas já começam a partir e há uma tristeza no ar... A família se separa, cada um voltando para seu pequeno núcleo. Várias pessoas me perguntaram se pretendo voltar "prá casa" no próximo ano e eu disse que sim. Todos pensamos como será lindo se pudermos viver juntas mais um mês no colo da Amma

sábado, 25 de setembro de 2010

E o aniversário está chegando!

É difícil descrever o que está acontecendo neste ashram. As pessoas não param de chegar, para se caminhar foram definidas mãos, uma para ir outra para voltar. Ninguém consegue lugar para sentar naquele salão enorme do darshan e, pela primeira vez vi a Amma dar darshan em pé. É assim: ela fica sentada no alto e numa posição em que as pessoas passam por ela em pé e recebem o abraço. É muito mais rápido assim.
Todos estão trabalhando muito para que tudo saia bem. Hoje se preparou 700 quilos de arroz para o almoço. Mas o grande evento ainda vai acontecer apenas na segunda. Do lado de fora do ashram há um montão de camelôs, barraquinhas para comer, bijuterias etc...Tudo está iluminado,a ponte foi repintada, o ashram está super enfeitado e tudo continua funcionando, apesar desta montanha de gente.
O programa da festa será: 6 horas da manhã daqui, archana (mil nomes), 8h30 da manhã maha pada puja realizado pelo big swami, em seguida satsang da Amma, depois recepção e discursos dos vips, inaugurações do mês e a partir de 12 horas, Amma começará a dar darshan e deverá terminar por volta das 10 da manhã da terça-feira.
Hoje fui até uma cidade bem próxima de Kochin e andamos 75 km. Ao longo de toda a estrada, cartazes anunciando e comemorando o aniversário da Amma.
Há tantas outras coisas daqui que queria compartilhar, mas já é quase meia-noite. O tempo aqui sempre é pouco para o que desejamos fazer e esta sensação muitas pessoas têm. Os residentes, após um certo período, conseguem dominar esta sensação com muita disciplina e prática.
Mas quero deixar gravada aqui para não esquecer de um dia contar: a economia de água, o aproveitamento de tudo e mais um pouco, a importância da Amma, o excesso e o caos visual do sul da Índia e o registro escrito da minha vida feito há 5 mil anos pelos rishis e como encontrar a sua folha.
Algumas fotos:

Cartaz da Amma na estrada

Cartaz da Amma na estrada

Alunas das universidades. Apenas as pós-graduandas não usam mais uniforme

Menininhos na rua

Ponte enfeitada e enfeite incrível em madeira

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O ashram fervilha

É incrível como o ashram está fervilhando, com atividades e pessoas se movendo durante 18 h por dia. A partir de domingo tudo mais se volta para a preparação da festa e hoje já tivemos reuniões explicativas.
Pessoas chegam de todos os lugares da Índia e também de fora. Hoje durante os bhajans mal tinha lugar para todos se sentarem - uma grande diferença comparada ao dia em que cheguei.
Hoje nem posso falar muito, mas prometo amanhã postar algo melhor

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Respostas aos comentários

Max, Yara, Dolcy, Abhayam, meus irmãos queridos, minha linda família espiritual, mais um presente da Mãe. Também amo vocês todos e adoro abrir o blog e ver os comentários. Me dá a sensação de estarmos todos juntos e muitas vezes em que tive preguiça de escrever, foram vocês os motivadores.
Imagino que outras pessoas também leiam minhas "aventuras seguras" no colo da minha Mãe Divina, e adoro quando comentam (brigada Flávia)
Dolcy, ainda não usei um sári.... Estou doida para experimentar e até comprar um, mas o tempo aqui é curto...rsrsrsr...Se eu ficar bem num sári, tiro foto e publico para vocês
Uma vez a Nístula comentou que a vida no ashram era super agitada e eu não consegui imaginar, mas agora sei. Nunca faço tudo o que eu gostaria num dia, normalmente acordo muito cedo, durmo muito tarde.... e tem gente que pensa que saímos do mundo vindo para cá. Que nada. A experiência riquíssima de estar aqui deveria fazer parte da v ida de todos pelo menos por um período. Gurukula é realmente um grande passo.
Beijos, tô indo cortar legumes.

Lições da Amma


O darshan esta semana tem terminado cedo. Ainda bem que hoje conseguimos nos inscrever para sentar por 1 hora ao lado da Amma e também conseguimos receber nosso darshan da semana, já que ontem Amma só deu darshan aos indianos.
Enquanto estávamos lá sentadas, todos tivemos que levantar e criar um corredor para Amma passar. Amma interrompeu o darshan e se preparava para sair quando parou e disse: "O médico disse que tenho que ir ao banheiro a cada 4 horas. Não tenho vontade ir, mas obedeço."
E lá recebemos nós o privilégio de ter este ensinamento de obediência e de respeito aos médicos e ao corpo físico.

Hoje também houve a formatura de uma turma de odontologia. Eles parecem muito novinhos, talvez precisem de mais prática ou sou eu que estou velha demais.
O maha puja de Kali foi lindo e especial. Eles montam um palácio indiano em miniatura tendo dentro a foto da Amma e aos pés dela a foto de Kali. Depois montam muitas lamparinas. Na verdade são 9 em torno de um quadrado, depois 2 maiores nas laterais e uma enorme no centro.
A energia é muito, muito forte e dá prá sentir claramente. O pujari que se tomou de proteção e simpatia comigo, um bramachari que dedica a vida à Amma, ofereceu se queríamos dar prassad de Ganesha. Como sei que a Mônica adora Ganesha, passei logo a bola, até porque a Mônica já estava querendo comprar uma guirlanda para o Ganesha do Kalari e nao tínhamos conseguido.
O puja ficou bem cheio e depois todos receberam muito prassad. Foi lindo e achei muito especial que ele tenha sido celebrado no dia em que a Lua está em Peixes e bem na minha estrela de nascimento!
Agora é me abrir e receber e quem sabe me transformar um pouquinho mais.
Uma outra coisa que não comentei até agora é que há todo um setor de costura, que aqui chamam de "tailoring" e tenho ido muito lá mandar fazer umas roupinhas. Aliás, estou adorando poder mandar fazer roupinhas por aqui. É bem verdade que não há muita variedade de modelos, mas as estampas são maravilhosas e as meninas que trabalham ali, as bramacharis que passam o dia na costura como seva são umas gracinhas. Adoro particularmente as duas irmas que sempre me atendem, a Nina e a Rani.
Hoje pude também fazer um puja pessoal para meu planeta Saturno, que não é mole não. Por sugestão do astrólogo daqui, eu tinha que dar um sári azul para a Amma ou para Kali. Como para mim ambas são a mesma coisa, foi lindo dar o sári para a Amma no dia de puja de Kali.. A gente coloca rapidamente em torno dela, simbolizando estar vestindo a deidade!

E Amma do alto de seu amor incondicional e infinito se abre totalmente a nós para que possamos realizar nossas oferendas, refletir sobre a oferta e a entrega e evoluirmos.
Seguem mais algumas fotos do passeio de ontem que esqueci de postar por absoluto cansaço. A umidade aqui é muito forte e, apesar de não ser um calor insuportável como o do Rio, é tudo muito pesado e todos se cansam facilmente
Vista externa do palácio que visitamos ontem, lindo né?    
Sentados no trono dos reis na sala de audiência!

Templo, templos e mais templos...

Escuta muito falar da importância da religiosidade nos indianos, mas é difícil avaliar sem ver de perto. Não pretendo escrever qualquer tratado sobre o assunto e também acho que só posso mesmo falar deste pequeno pedaço de Kerala, mas o número de templos é impressionante. Hoje visitamos 4 templos em menos de 2 horas. Dois dos templos eram exatamente um em frente ao outro!

no templo das serpentes
Tem templo para todas as divindades, conhecidas ou não. Templos grandes, templos pequenos, médios. Em cada agrupamento de casas há um templo que é freqüentado e mantido pela comunidade. Normalmente há um ou dois monges que se dedicam a cuidar do templo. Em cada um deles há a deidade principal e depois as deidades de suporte – Ganesha fica sempre do lado de fora dando suporte ao templo, em um templinho próprio e fica com parte dele enterrado para segurar a onda energética. A maioria dos que visitamos é bem cuidado e dá uma sensação muito positiva, mas vimos ontem um templo, chamado templo das 3 árvores, cuja divindade é a própria árvore, que tinha uma energia muito tamásica e era um bom exemplo daquilo que imaginamos encontrar o tempo todo na Índia – mendigos no chão implorando por uma esmola.
Uma coisa que é difícil para mim é não interagir com as pessoas e ignorar totalmente os apelos, mas vou me exercitando.

Passeio feliz
Visitamos também um antigo palácio de nobres de Kerala, um lugar lindo, super bem cuidado, com estátuas antigas de deuses maravilhosas e também uma lindíssima arquitetura.
Mas o ponto alto para mim foi o pequeno templo de Hanuman que visitamos. Entramos meio que só para dar uma olhada e eis que fui levada pela emoção porque Hanuman é o deus macaco, a mais pura expressão da devoção. Comprovou o tempo todo sua devoção e amor a Rama. Meio escondidinho no canto esquerdo do templo, havia 9 estátuas de gêmeos que me atraiam muito. Fiquei rodeando e eis que nosso amigo John veio contar que eram os 9 planetas!!!
Que felicidade! Ver minhas divindades amadas ali representadas. Acabamos acendendo velas para todos os planetas e foi muito lindo.

Puja para os grahas
Visitamos também um templo dedicado à serpente. Não ao animal físico aqui da Terra mas ao deus das serpentes e às serpentes que habitam no mundo astral das serpentes. Aquele templo representa um portal de ligação do mundo astral ao nosso mundo e, apesar de não podermos vê-las com os olhos físicos, pode-se até “sentir” que elas estão ali.
Tiramos muitas fotos lindas, mas são pesadas para carregar, então segue apenas amostras por enquanto.
É bom passear um pouco também para poder ver/confirmar a grandeza da Amma, ver como tudo aqui no ashram é bem cuidado, alto astral, uma energia maravilhosa.
O ashram está fervilhando com os preparativos para o aniversário da Amma. Pessoas aos montes chegam de todo lado e o tempo todo; tudo está sendo limpo, pintado, preparado, inclusive a ponte e o salão de darshan fica cheio, lotado.
Hoje para o archana tinha mulheres até do lado de fora.
Apesar de ainda ficar aqui mais 5 dias, já começo a ter saudades e a resistir a partir. Mas este será um bom exercício para trabalhar vários aspectos meus: ficar no aqui e agora, entregar, aceitar, agradecer....
Hoje, lua cheia de Peixes, ascendente em Áries (novos começos), às 20 horas daqui será celebrado o maha puja de Kali. Quem quiser se conectar pelo mundo com esta profunda energia do feminino, será bem-vindo. Estou muito feliz porque acabei deixando para fazer meu puja de Kali hoje!
Decidimos não mais fazer a viagem enorme e cansativa que havíamos pensado no início. Iremos apenas passear por aqui pertinho mesmo, descendo até Kanya Kumari, Madurai e Cochin novamente para descansarmos mais um pouquinho antes de voltar para a outra casa!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu estou feliz!

Parece que estou aqui há meses, apesar de ainda me sentir uma "outsider". Tenho uma enorme curiosidade de ver mais da Índia, mas também tenho muita vontade de ficar muito mais aqui. Uma parte de mim quer ficar aqui para sempre e entendo agora como a Índia fascina algumas pessoas. Estou fascinada!
Tantas coisas já se passaram comigo e já vivi tantas transformações e são apenas 3 semanas. O primeiro impacto com as pessoas daqui, os residentes estrangeiros que eu achava horríveis se transformou, e agora conheço muita gente, adoro distribuir sorrisos por aí também para os gringos e tenho me dado muito bem.

Este clima legal tem sido muito importante para mim, depois daquele período de tanta hostilidade no grupo da Amma no Brasil. Mas também sei que milagrosamente mudei e estou mudando, talvez de forma mais acelerada aqui do que em qualquer outro lugar. Ao invés de exigir dos outros ou esperar que sejam legais, ocupo-me apenas em ser legal com todos, em dar o meu melhor sorriso e além de dizer om namaha shivaya para tudo e todos também dizer bom dia, obrigada e dizer coisas gentis para as pessoas. Como é bom e importante sentir-se acolhida no movimento espiritual!
Assim, a coisa vai transcorrendo mais amena e segura, mas de vez em quando volta o desafio. Hoje entro no elevador e há uma regra de que o elevador só pode andar com lotação total. Muitas vezes eles deixam a gente ir em menos gente, mas só tinha um senhor e eu. Eu disse a ele educadamente, talvez devamos esperar e lá veio ele com aquela "gentileza" norte-americana típica dos devotos da Amma, dizendo rispidamente: vc sai e espera porque eu estou indo!
Meu primeiro desejo foi ser grosseira também, mas aí lembrei do meu voto para Amritapuri e simplesmente sorri e agradeci. Afinal, graças a ele não tive que esperar horas para subir.

Yara perguntou se eu emagreci. Não sei dizer porque todas as roupas são indianas, mas parecem estar mais largas do que quando comprei. Também tenho a sensação de comer muito, mas como andamos muito é possível que eu tenha mesmo perdido alguns quilos.
Adoro usar roupas indianas, mas gostaria de usar roupas um pouquinho menos soltas. Ainda não ousei experimentar um sári. Aqui no ashram não há muitos e não chegamos a ir a nenhuma loja. Tenho muita vontade de experimentar e talvez comprar um só para brincar de vez em quando.
As vezes também tenho saudades da minha roupa ocidental, mas realmente é muito melhor usar roupas indianas por aqui. Elas jogam os panos e lenços de uma forma incrível e acho tudo muito feminino e sensual.
Os homens usam dhotis e quando estão usando longos, seguram uma das pontas com os dedos. Quando cansam, simplesmente dobram e usam saia curta!
Mas nós no ocidente temos muito mais variedade, principalmente as mulheres. Aqui há 3 modelos básicos: sári, punjabi com calça tradicional (como o azul de ontem) e punjabi de calça estreita.
Mas uma coisa horrível mesmo são as camisolas que vemos nas lojas. Tem que ter muita destreza no Kama Sutra para se sentir atraído por uma mulher com uma camisola daquelas indianas!
Incrível como são feias! E pensar na Maya da novela toda sensual dormindo de sári! Amanhã vou tentar me informar sobre isso!
Falando um pouco do dia de hoje, quando cheguei ao templo para o satsang da Amma e o prassad do almoço, escutei uma moça espanhola dizendo a outra: não se preocupe - tem comida para todos e Amma sabe até a quantidade que cada um precisa comer. Eis que pego meu prato e.... cheio até a borda! Tinha muito, muito arroz. Mas comi tudo muito feliz... e só deixei mesmo um caldinho no final que foi impossível de absorver.
Também estou me acostumando a comer com as mãos. Há uma técnica para isso e até que me dou bem comendo com a mão direita. Para a próxima viagem à Índia vou treinar também escrever com a mão direita porque eu pareço um animal de circo quando eles me vêem escrever! Acham incrível alguém escrever como eu! A mão esquerda é realmente apenas para dejetos aqui!
Bem, por hoje é só. Um dia feliz, muito feliz!
Assim como o lótus transforma-se numa flor maravilhosa saindo do lodo, espero que eu também possa sempre melhorar e caminhar para Deus.
Olha nós todos aqui - as flores de lótus da Amma:
Divina Mãe, cuide de todos nós para que possamos nos transformar em perfeitos lótus a seus pés!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

E o festival de Ganesha acabou


Ontem acabou o festival de Ganesha. Foi divertido ver tantos jovens brincando e gritando, numa dança estranha. Na verdade, não parecia haver muita devoção envolvida, mas sim muita festa, uma espécie de Carnaval! Não sei se eu iria gostar de participar da barulheira e da gritaria novamente, mas gostei muito de passar 9 dias fazendo arati e mantras para Ganesha.
A estátua saiu de frente do Kalari e foi levada até a Amma, que continuou a dar darshan sem parar. Aí deram voltas no ashram até ser levada a uma praia próxima, onde foi jogado ao mar.
O simbolismo deste encerramento e de se jogar a estátua ao mar para que seja destruída é que se passou uma semana adorando Ganesha em sua forma simbólica, com cabeça de elefante, 4 braços etc... Além disso, passou-se uma semana adorando Ganesha e seus atributos, coragem, persistência habilidade na escrita etc..
Então, ao jogar a estátua ao mar, destrói-se a forma externa simbólica e internaliza-se o Ganesha que foi venerado durante este festival.
Dava muito a impressão que as pessoas estavam lá para uma festa, e todo mundo estava contente. Havia vários ônibus para levar todos os sevitas, mas nós fomos de carro com um amigo daqui e foi legal chegarmos antes para ver todo mundo chegar.
E aí hoje, já amparadas por Ganesha, fomos finalmente para a Índia. Fomos até Kollam, a maior cidade próxima daqui, um clássico exemplo de caos urbano indiano, cheia de odores e de ruídos. Fomos até uma livraria e já se pode imaginar que eu adorei, comprei mais de 10 livros de astrologia védica!!!
Bem, fizemos várias coisas legais, mas como esqueci de levar a máquina, também não vou chatear as pessoas com detalhes.
Mas o mais legal mesmo para mim foi experimentar passar um dia fora do ashram e superar o medo que eu estava de ir embora daqui. Senti-me muito bem, reforçada, energizada, apesar de sentir muita falta da Amma.
Ao voltarmos do passeio, Amma não veio para os bhajans!
A seguir algumas fotos do encerramento do festival, fotos especiais para a Abhayam e sua devoção do Ganesha.
Lakshmi com a foto da Amma passeando em torno do ashram
E o Ganesha vai para o mar
Na praia esperando o Ganesha, atenção para o modelito novo do punjabi                                                                                                                          


Alguém consegue adivinhar qual praia do nordeste é essa? Fomo lá ver o sol se por!