quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Progredindo na reflexão sobre as memórias

Há utilidade na memória e posso ver algumas: não ter que buscar informações básicas todos os dias e todo momento. Então, eu, meu cachorro, minha gata sabemos onde fica a água de cada um (memória, budhi), onde dormimos, onde moramos coisas assim...
Mas o que chamo de memórias emocionais, talvez se torne um conceito mais claro se eu chamá-las de apegos, querer prolongar o vivido e aí é que está o problema.
Alguns poderão dizer, ah, é fácil soltar. Sim, algumas coisas são mais fáceis de se deixar. Quando a memória é negativa, quando a vivência é negativa pode ser mais fácil soltar, abandonar. Acho que ficamos presos nessas memórias/vivências negativas enquanto elas nos propiciam algum serviço, mesmo que doentio. Mas soltar as memórias positivas, sair do desejo intenso de voltar a viver daquele jeito feliz, querer reviver sempre a mesma coisa feliz, isso sim é que acho mais complicado.
Pelo menos na minha vida, as coisas passam e eu fico um tempo perdida. Levo tempo até perceber e aceitar que passaram, depois fico um pouco assustada com o vazio, tenho medo de "perder" o passado, fico às vezes tentando prolongar as relações numa tentativa de restabelecer o que já se foi e percebo o quanto é difícil soltar. 
Passei esta semana um pouco "vazia". Sei que é natural após um período de vivências tão intensas com tantas portas minhas se abrindo e tantas limpezas sendo feitas.
Enquanto escrevia este post recebi um telefonema de uma moça com quem havia falado apenas uma vez. Ela começou logo assim: você não deve se lembrar de mim, só nos falamos uma única vez depois da visita da Amma...
Olha já a memória entrando em ação. Eu que sou muito desmemoriada, me lembrava dela. Não apenas me lembrava dela, como pensei nela enquanto estava em Amritapuri e rezei por ela!
E este presente que foi o telefonema da Tina, manifestando-se como Deus para mim me permitiu elaborar meu pensamento:
"O que provoca o medo de ficar no aqui e agora é o vazio que sentimos ao soltar as memórias, tanto negativas quanto positivas. Não somos treinados, não aprendemos a olhar este vazio nem a permitir que ele se encha e escoa e daí a dificuldade de soltar."
Este estado que apenas vislumbro aqui pode ser um enorme instrumento de poder e bem-estar, mas por enquanto percebo apenas o conceito e vou parar por aqui.
Amma continua dando darshan na Europa. Eu continuo querendo novamente estar "em casa"....rsrsrs
A preparação da viagem de fevereiro está caminhando bem. Já sinto que faremos um lindo percurso e que iremos gozar da oportunidade de estarmos com a Mãe e o Pai!

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