domingo, 26 de setembro de 2010

O que é um satguru e como celebramos o aniversário do guru?

Não vou aqui definir um guru, mas se puder tirar alguns dos preconceitos que temos em relação aos mestres, já terá valido a pena. Muita gente imagina que um mestre realizado apenas nos diga para rezar, para que façamos práticas espirituais, coisas assim. Não conheço muito outros mestres, já que Amma me pinçou diretamente, mesmo que eu não tivesse muita consciência desse meu anseio. Mas o pouco que sei da Amma, posso falar aqui. Amma em satsang não fala apenas da auto-realização por meio de austeridades ou coisas assim, mas nos coloca muito ligados na vida aqui e agora. Amma tem falado nos seus satsangs, por exemplo, sobre a crença boba que temos de doar orgãos, principalmente na cultura indiana. Ela disse que tudo isso é besteira e que o bem que podemos fazer a um irmão doando um orgão é uma bênção enorme para nossa evolução. Amma falou também sobre dar o exemplo e criticou a sociedade indiana, que faz xixi e cocô por todo lado. Ela disse que nós todos que temos consciência devemos dar o exemplo: catar o lixo na rua, não usar as ruas como banheiros etc.. Disse também que por meio das nossas ações podemos ser inspiração para os outros e este também é um dos motivos para termos cuidado com nossas ações e permanecermos sempre em sattwa.
Amma também dá exemplos incríveis no ashram de economia e preservação. Confesso que uma das coisas que tem me impactado é o controle do uso da água. Eles têm sérios problemas com a água do local e já ficaram sem água duas vezes no ano passado. Então, o consumo de água é totalmente controlado. Poucas pessoas lavam louça com água corrente. Fazemos sempre 3 ou 4 bacias: pré-lavagem 1, pré-lavagem 2, sabão e enxágue.
No início eu tinha verdadeiro asco disso, porque além de ser uma prática diferente da minha, o sabão usado é uma espécie de cinza e a água é marrom. Então vc tem a impressão de estar lavando louça em água mais suja do que seu prato. Mas decidi insistir e ir além nos meus "padrões" de limpeza. Comecei a pensar que se minha anunciada expectativa de vida, de mais 28 anos se realizar, eu ainda estarei por aqui quando não pudermos mais tomar banho todos os dias, apesar do calor. Também viverei a falta de água e verei pessoas morrendo de sede, porque este é um problema real. Além disso, meus filhos irão sofrer e meus netos mais ainda...
Pouco a pouco, fui aceitando este estilo e agora fico toda feliz lavando minha louça desse jeito e, mais do que tudo, também passei a economizar muito mais água ao lavaar roupa, lavar os dentes, tomar banho etc..
Os exemplos são muitos, o tempo todo. Tudo é reciclado, tudo é usado cuidadosamente. Toda esta descrição que fiz ocorre do lado ocidental. Não há um "lado" ocidental, mas os ocidentais se agrupam mais em torno da cantina ocidental e também do local onde é servida a comida ocidental. Já do lado dos indianos é um outro mundo. Rs.rsrsrsrsrs
Eu que adoro a interação, frequento sempre o lado indiano e procuro dar o exemplo. Às vezes vejo que alguns seguem e lembro da Amma. Também reparo no exemplo deles e procuro seguir. Os indianos sorriem muito mais, parecem ser mais calmos e tranquilos e eu corro atrás....
São tantos os exemplos que a Amma dá que seria impossível escrevê-los todos aqui. Ontem Amma terminou o darshan super tarde, mesmo tendo dado darshan em pé para as pessoas, o que é muito mais rápido.
Inútil repetir que o número de pessoas mais do que dobrou. Até comprei algumas frutas para comer, porque acho que será um milagre conseguir ficar na fila para comer hoje. Hoje, às 7 da manhã, já havia uma fila de umas 100 mulheres esperando para sentar. Tem gente de todo lado, gente fazendo de um tudo e tudo vai andando e se formando.
Fiquei pensando nesta gente toda que, em princípio me assusta, mas olhando a todos como os privilegiados filhos da Amma fico feliz. Também eu, que sempre adorei família grande, vejo agora que tenho uma família enorme - os milhões de filhos da Amma de todo o mundo. Os que estão aqui e os que não puderam vir fisicamente, mas que estão no mundo todo preparando a celebração da encarnação da Mãe Divina.
Nossa estadia está chegando ao fim. Daqui a 3 dias já vamos embora. Vamos dar uma passeada até a ponta extrema do continente e depois vamos até Madurai.
Nossas amigas francesas já começam a partir e há uma tristeza no ar... A família se separa, cada um voltando para seu pequeno núcleo. Várias pessoas me perguntaram se pretendo voltar "prá casa" no próximo ano e eu disse que sim. Todos pensamos como será lindo se pudermos viver juntas mais um mês no colo da Amma

4 comentários:

  1. Om Amriteshwaryai Namah!
    Oi Anugraha,
    Que coisas lindas vc tem nos relatado... Dá pr ficar pensando muito... Tenho refletido bastante sobre as oportunidades. A cada dia, a cada minuto, novas oportunidades surgem em nossas vidas e essa bênção de mudar tudo, fazer diferente e tantas outras situações, nos deixa a certeza do Ammor divino que zela por nós a todo momento... Jay Ma!
    Bjs no coração!

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  2. Om Amriteshwaryai Namah,
    a mim me enche os olhos de lagrima... Pois tantas vezes optamos pelo completamente dispensavel e deixamos de viver experiencias como essas, que voce esta vivendo. Muitas pessoas me perguntam se vale a pena eu deixar de trabalhar um mes e meio, durante o tour da Europa, pra seguir a Amma, minha resposta e simplesmente " como posso viver durante os 10 meses e meio restantes se nao tenho esse momento de inspiracao, momento em que eu possa ser 100% eu, e estar em presenca do Divino?" Sempre digo que e o momento highlight do meu ano...

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  3. Nístula!!!
    Concordo plenamente com você. Eu sou feliz, vivo bem, mas vivo para esses momentos perto da Mãe. Esses períodos são fundamentais e divinos!
    Mas Amritapuri para mim é como mosca em torno do mel. Um grude. Vou embora amanhã, mas meu coração em grande parte fica... E já peço a Deus ter a benção de aqui voltar.

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  4. Om Amriteshwaryai Namah!
    Que experiência fantástica!! Quanto aprendizado ...
    Jay Ma!
    Amélia

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