sábado, 10 de novembro de 2012

O ninho


Não me canso de curtir e acompanhar a "família" de corvos na árvore ao lado da minha janela. Olhar o ninho e lembrar de quantas e quantas vezes eu vi um corvo indo para cá e para lá com galhos na boca, alguns até grandes e pesados. Desde ontem, a "corva" está sentada no ninho sem sair. Ela também fica quieta e emite sons bem baixinho. O macho (lindo e eu agora aprendi a distinguir entre eles) vem vê-la de tempos em tempos e, às vezes, fica no galho ao lado do ninho fazendo companhia. Ontem de noite choveu muito, temporal mesmo e, quando fui fechar minha janela, lá estava ela - banhada e protegendo sua cria.
Fico observando e pensando o que nós humanos (homens e mulheres) fizemos deste instinto de procriação inerente a qualquer animal. Observo os "desejos" de maternidade que muitas vezes me contam e percebo que há pouca reflexão sobre o que significa este ato para nós humanos. Vejo também tantas mulheres querendo ser mães solteiras, algumas que apenas pretendem usar um "macho" qualquer para satisfazer seus desejos egóicos, tantos homens deixando de viver o prazer da paternidade, por fugir à responsabilidade. Outras ainda nem sabem bem por quê querem ser mães - simplesmente para seguir a onda da vida ou até mesmo para agradar a própria mãe. 
Tudo isso me entristece porque também vejo crianças confusas, mal amadas, mal cuidadas (quase todo mundo sabe da triste história da garotinha desequilibrada que vive no apartamento acima do meu no Rio).
Também me fascina a calma e paciência da corva sentadinha lá chocando seus ovos e a amorosidade do macho que neste momento está cumprindo seu papel de provedor. Hoje, muitas mulheres preferem competir com os homens profissionalmente e nem pensam em parar a corrida desenfreada pelo mundo masculino e pelo dinheiro e ego para curtir suas crias, deixando-as de lado na mão de outras "corvas" que também só têm olhos para seus filhotes, que por sua vez, estão sabe Deus nas mãos de quem.
Em momento algum estou dizendo que a vida das mulheres (e dos homens) atualmente seja fácil. Ao contrário, hoje com esta mescla de papéis a vida ficou muito, muito mais difícil para todos. Isso pode explicar parcialmente mulheres tão masculinas e fálicas e homens tão fracos.
É particularmente importante para mim observar esses corvos neste momento. Acabei de ler o "The Pregnant King", baseado num personagem do Mahabharata e os corvos são citados o tempo todo como as almas dos antepassados que esperam uma oportunidade para reencarnar. Os ruídos feitos por eles chamam a atenção o tempo todo.
Sou feliz por poder refletir sobre a natureza humana, sobre os caminhos da vida. Feliz e agradecida por poder acompanhar o surgimento dessas novas vidas.
Rezo a cada olhar ao ninho para que todos, corvos e humanos possamos ser felizes, e aproveito para reverenciar meus antepassados!

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